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Juca de Oliveira, meu Amigo

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Leio na Folha de São Paulo do dia 15 passado uma afirmação do Juca, meu Amigo. "Você tem de ter, dentro da sua alma - diz ele -, espaço para qualquer personagem". Eu diria mais, convencido de que ele está de acordo comigo: espaço para qualquer personagem em qualquer tempo!

Há poucas semanas, relembrei aqui mesmo, nessas charlas quinzenais, uma noite marcante, no Teatro Ruth Escobar, final dos anos 60. Eu advogava para alguns atores lá reunidos, o chamado CCC na porta e Fernando Torres, sereno, nos acalmando. Lembram-se? O Juca há de lembrar, pois lá estava!

Depois, o tempo nos manteve unidos por conta de inúmeras razões. Hoje, a Academia Paulista de Letras, onde somos confrades e sorrimos um para o outro, assim como que trazendo o passado ao presente.

Um final de manhã de sábado, fui-me à Tabacaria do Beto, em São Paulo. Véspera do dia 15 de novembro deste ano, não havia ninguém. De repente, vi o Juca passando pela porta, gritei e lá veio ele! A vida não apenas pode ser, como afirma o Ivan Lins, a vida é maravilhosa. Traz o passado ao presente e avança pelo futuro. Uma conversa fraternal!

Relembramos José Serber, meu grande amigo que se foi para o céu nos anos 80. Foi ele quem me multiplicou quando ainda jovem, advogando para a Escriba - que ele criou e ainda hoje por aqui está a produzir belos móveis - e para amigos do teatro. Inúmeras razões nos uniram. A proximidade ao velho Partidão - que hoje só permanece a existir em minha memória - e, além de tudo, a Amizade que para sempre nos uniu. Momentos que de repente retornam ao presente. Vejo-o agora como o Gigante Amaral e ao lado de Gianfrancesco Guarnieri, atuando em Ratos e homens! Os dois agora lá no céu.

Por enquanto, estamos aqui, o Juca e eu. Conversando na APL, na tabacaria e no que leio na Folha de São Paulo de 15 de dezembro. Somos múltiplos, de verdade. Ele em Itapira e em seu apartamento na Pauliceia Desvairada.

Um apartamento supimpa, no sentido mais expressivo dessa palavra. Não tem café, mas tem pinga e uísque. Livros pelo chão, esculturas do mundo antigo, memórias, aqui e ali, de ontem, hoje e sempre. Tudo reprojetado na peça Mãos limpas, que ele escreveu.

Uma peça formidável na qual aparecem juízes (seriam ministros?), políticos et caterva. Com momentos trágicos, tão trágicos que a convertem, a peça, em comédia. Tomo novamente o jornal em minhas mãos e leio trechos que dizem tudo do nosso hoje e da função atribuída aos atores.

"Somos uma quadrilha", ele diz. "Temos uma função social como atores! Melhorar o homem, eliminar o desafeto, o desamor". Assim há de ser. Ser amigo do Juca, isso é um privilégio. Hoje e para sempre lá no céu, todos juntos, reunidos!

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